Lamentamos informar que faleceu no dia 11 de agosto de 2018, aos 86 anos, o terapeuta americano Stanley Keleman. Segundo informações de entidades dos Estados Unidos e da Europa, ele teria morrido pacificamente enquanto dormia. Deixou três filhos, seis netos e uma legião de amigos.

Keleman nasceu em 1931 no Brooklyn, em Nova York (EUA). Filho de imigrantes húngaros, graduou-se primeiro em Ciências Biológicas. Seu interesse pelo corpo sempre esteve presente em sua vida. Seguindo os passos do pai, reconhecido jogador de futebol americano, enveredou pelo atletismo na juventude. Em seguida, formou-se pelo Instituto Quiroprático de Nova York, em 1954.

Após iniciar sua prática clínica, Keleman começou a observar a relação existente entre conflitos emocionais e distorções da postura corporal. Aprendeu sobre os reflexos de contração e expansão do organismo e sobre os padrões de estresse vinculados a estes e sua relação com o surgimento das doenças. Ao trabalhar fisicamente com as pessoas, percebeu que a medida que organizava e desorganizava padrões musculares evocava respostas emocionais.

Keleman criou uma reputação profissional ligada à sua capacidade de reduzir o estresse e a tensão, contando com uma sólida prática clínica em Nova York formada especialmente por artistas da Broadway e da Metropolitan Opera.

Seguindo seus interesses, iniciou um programa de estudos e pesquisa sobre a vida do corpo. Em 1957, tornou-se membro do Instituto de Análise Bioenergética de Alexander Lowen, chegando a treinador sênior em 1970. Keleman teve uma relação próxima com Lowen, porém, sempre manteve-se independente no que se referia à maneira de pensar e de trabalhar metodologicamente.

Frequentou o Instituto Alfred Adler e seu pensamento foi profundamente afetado pelas ideias de Adler sobre os órgãos, sobre a vontade pelo poder e sobre o papel da sociedade no desenvolvimento da personalidade. Tomou contato com Freud e Jung e com a noção do inconsciente (o não-conhecido) como a base da energia psíquica, o que o tocou profundamente. Seus estudos no instituto balancearam as abordagens características de Freud, Reich e Lowen.

Simultaneamente, Keleman começou uma pesquisa com Nina Bull, uma neuro-fisióloga do Physicians and Surgeons Hospital da Columbia University. Nina estava interessada na relação entre o estresse emocional e os padrões de comportamento muscular ou padrões de ação em geral. Durante os seus 12 anos de convívio com ela, Keleman obteve grande conhecimento em neurofisiologia e sua relação com o comportamento humano. A filosofia social e o conhecimento neurológico de Nina Bull estabeleceram uma base para o modelo somático-neural das emoções e do comportamento desenvolvido pelo terapeuta.

Suas pesquisas o levaram à Europa em 1964, onde estudou psicologia existencial e fenomenológica durante três anos no Dasein Analytic Institute, em Zurique. Na Alemanha, associou-se ao professor Karlfried von Durckheim, no Centro para Estudos Religiosos. Keleman e Karlfried formaram uma grande amizade que duraria até a morte de Durkheim. Seu parceiro o apresentou uma psicologia profunda e religiosa que usava a forma humana para revelar a relação com o divino. Esses estudos propiciaram experiências fundamentais que confirmaram para Keleman o conceito do corpo enquanto o centro do self. Foram as sementes do que mais tarde seriam a Psicologia Formativa e a Metodologia Somático-emocional de Keleman.

Keleman sempre foi um pensador e desde cedo em sua vida buscava uma referência filosófica que pudesse balizar o seu caminho. No início, interessou-se pelo conceito do élan vital de H. Bergson. Após alguns anos, abraçou as ideias de intencionalidade e fenomenologia de Martin Heidegger como a base filosófica para sua visão do processo de vida.

Após retornar aos Estados Unidos em 1967, Keleman mudou-se para a Califórnia, onde trabalhou no Esalen Institute e tomou contato com a psicologia humanista. A interação com vários líderes da psicologia humanista – Carl Rogers, Fritz Perls, Virginia Satir e Alan Watts entre outros – constituiu um fórum para o desenvolvimento de seus pensamentos. Em Esalen, numa atmosfera de revolução cultural, Keleman estabeleceu sua forma de trabalhar com os conflitos emocionais. Em 1968 estabeleceu-se em Berkeley, Califórnia, onde fundou e dirigiu o Center for Energetic Studies, instituto onde desenvolve o trabalho formativo.

Na década de 1970, Keleman conheceu o mitólogo Joseph Campbell com quem teve uma grande amizade durante 15 anos. Nesse período coordenaram juntos workshops anuais no qual aprofundavam o conhecimento sobre as conexões entre mito e corpo.

Com suas múltiplas experiências, Keleman ofereceu ao mundo uma visão inclusiva e multidimensional do processo humano, cujo modelo teórico e metodológico está calcado em uma real integração de todos os aspectos da realidade humana.

Para registrar seu conhecimento, ele escreveu mais de 12 livros, vários deles publicados internacionalmente. Nove foram traduzidos para o português e publicados no Brasil pela Summus Editorial. Conheça-os em
https://www.gruposummus.com.br/gruposummus/autor//Stanley+Keleman

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