A Roda de Capoeira ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) nesta quarta-feira (26/11). O reconhecimento é dado a expressões e tradições culturais que são passadas de geração pelo mundo e foi concedido depois de uma votação na sede da Unesco, em Paris.
Em 2013, as pesquisadoras Elisabeth Vidor e Letícia Vidor de Sousa Reis lançaram o livro Capoeira – Uma herança cultural afro-brasileira, pela Selo Negro Edições. Com ilustrações e fotografias, a obra revela como o movimento corporal contribuiu para ampliar o espaço político e social do negro.
Reconhecida hoje como um dos símbolos da cultura brasileira, a capoeira nem sempre teve esse status. Os adeptos foram perseguidos durante muitos anos, especialmente na passagem do Império para a República. Associada à vadiagem e à violência, a capoeira só deixou de ser considerada crime há pouco mais de 80 anos.
No livro, as autoras retratam as origens sociais e culturais do movimento e mostram como a capoeira contribuiu para que os negros conquistassem e ampliassem seu espaço político e social no Brasil.
“A capoeira é ambígua, ao mesmo tempo jogo, dança e luta. Seus movimentos corporais privilegiam os pés e os quadris e, ao inverterem a hierarquia corporal dominante, colocam o mundo literal e metaforicamente de pernas para o ar”, explicam as autoras. Segundo elas, para entender o significado social e simbólico dessa inversão utiliza-se a linguagem do corpo como fonte principal de informação para enunciar as regras da gramática gestual da capoeira.
A partir de uma abordagem inovadora, é possível entender a capoeira também como uma forma de resistência do negro, desde o tempo da escravidão até os dias atuais. Entre as várias culturas de resistência negra desenvolvidas no país, a capoeira é uma das mais significativas, constituída com base em culturas provenientes da África. Dividido em três capítulos, o livro traz, com detalhes, a história da capoeira carioca no século 19. As autoras fazem uma interpretação antropológica dos movimentos corporais da capoeira para a compreensão da especificidade da relação entre negros e brancos no Brasil.
Para saber mais sobre o livro, acesse:
http://www.gruposummus.com.br/gruposummus/livro/1355/Capoeira