O conflito central da minissérie “Dois Irmãos” (Globo), que estreou na segunda-feira (9), é a relação cheia de rivalidade entre os irmãos gêmeos Yaqub (Lorenzo Rocha/ Matheus Abreu/Cauã Reymond) e Omar (Enrico Rocha/ Matheus Abreu/Cauã Reymond). O drama típico da ficção é algo bem concreto para muitas famílias. Segundo psicólogos ouvidos pelo UOL, nascer do mesmo pai e da mesma mãe não é garantia de afeto instantâneo.

O laço sanguíneo não garante o afeto. Vai depender da experiência pós-nascimento”, afirma a psicóloga Vera Zimmermann, do Cria (Centro de Referência da Infância e da Adolescência) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Disputa em casa é treino para a vida

Para Vera, a relação entre irmãos tem por natureza um grande potencial de conflito. “A criança passa boa parte da vida dependente do amor dos pais. Eles não podem impedir que haja rivalidade entre os filhos. Faz parte do contexto e é saudável. No ambiente social, o indivíduo vai ter de batalhar pelo que quer. O que acontece em casa é um treino para a vida. O que os pais podem e devem fazer é impor limites [na rivalidade] e estimular vivências amorosas e cooperativas entre os irmãos.”

Tratamento equilibrado é fundamental

O que os pais não devem fazer –em prol de uma boa convivência— é tratar os filhos de forma diferente, como acontece na série. Na história, Zana (Juliana Paes) enche de carinhos Omar, que nasceu com problemas respiratórios, estimulando o ciúme em Yaqub.

Para a psicóloga Marina Vasconcellos, terapeuta familiar pela Unifesp, o tratamento diferenciado não se justifica nem quando um dos filhos tem problemas de saúde. “Se um inspira mais cuidados, os pais precisam compensar o outro de alguma forma, porque ele também necessita de atenção. O que se sente colocado de lado pode vir a sentir ciúme e inveja do irmão”, diz.

Vera Zimmermann fala que os pais não têm como agir de forma padronizada com todos os filhos, pois se tratam de pessoas diferentes. “Às vezes, uma mãe é mais ríspida com um dos filhos, que a afronta mais. Mas, mesmo assim, ela pode admirá-lo muito.”

Sentimento não está restrito à infância

O psicólogo Aurélio Melo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, afirma que toda relação humana é construída, inclusive a de irmãos.

Melo ainda afirma que, ao contrário do que se possa pensar comumente, o sentimento de rivalidade entre irmãos não é algo restrito à infância. “Tem gente que passa a vida inteira lamentando ter sido preterido pelos pais”, fala o especialista.

Mas dá para resolver?

Quando os conflitos entre irmãos não são resolvidos na infância, só dois caminhos podem apontar para a solução na vida adulta. O primeiro é a procura de um terapeuta de família, motivada pelo desejo genuíno dos envolvidos em zerar o passado.

A segunda possibilidade é a ocorrência de algo capaz de impactar os irmãos, como o fato de um deles adoecer. “Ainda assim, vai depender de os envolvidos terem estrutura emocional para se reorganizarem e questionarem o passado”, fala Marina Vasconcellos.

Matéria de Adriana Nogueira, publicada originalmente no UOL, em 11/01/2017. Para acessá-la na íntegra: http://bit.ly/2iFeCmw

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