O Grupo Editorial Summus conversou com Silvia M. Gasparian Colello, pedagoga com mestrado e doutorado em Educação e autora e organizadora de livros da Summus Editorial, entre eles Alfabetização – O quê, por quê e como, publicado em 2021.

 

Na entrevista, Colello comenta sobre quais são os desafios dos professores no ano letivo, como os pais podem auxiliar os filhos no processo educacional e como se dá o processo de alfabetização.

 

Silvia M. Gasparian Colello, autora da Summus Editorial

 

GRUPO SUMMUS: Como os pais e responsáveis podem auxiliar os filhos, em especial os alunos na fase de alfabetização, na volta às aulas?

SILVIA M. GASPARIAN COLELLO: Mais que um momento pontual de reorganização da rotina para o início do ano letivo, a volta às aulas marca um período especialmente oportuno para a conscientização e retomada de projetos de vida compartilhados em família. Assim, ao mesmo tempo que os pais (ou responsáveis) tomam medidas específicas para garantir o material didático, a logística de condução das crianças e a acomodação de horários, devem também conhecer a proposta de ensino, as estratégias de adaptação, as normas da escola e a organização prevista pelos professores nas salas de aula. Dessa forma, podem mediar o ingresso das crianças de modo seguro, evidenciando aos filhos a valorização do estudo e do processo formativo. Sou da opinião de que, desde muito cedo — mas, evidentemente, respeitando as características da faixa etária — , é preciso conversar com as crianças sobre a escola, partilhando opções assumidas, discutindo procedimentos e metas e motivando-as para os desafios sociais e pedagógicos inerentes à vida escolar. Nesse sentido, a alfabetização, como parte do rito de passagem no ingresso do Ensino Fundamental, merece ser incentivada, configurando-se como uma razão a mais para a vida de conquistas e aprendizagens na escola.

 

GRUPO SUMMUS: Com quantos anos, em média, a criança é alfabetizada e quanto tempo demora esse processo?

SILVIA M. GASPARIAN COLELLO: O processo de alfabetização inicia-se muito antes do ingresso na escola, pois a criança, desde muito pequena, já participa de experiências de leitura e escrita na família, nas instituições de educação pré-escolar e no meio social; experiências que fazem toda a diferença, não só pelos conhecimentos adquiridos, mas também pela relação com o mundo letrado e o desejo de aprender. Dessa forma, o aprofundamento dos conhecimentos prévios sobre a língua escrita é a continuidade de um aprendizado já em curso, razão pela qual a alfabetização deve ser trabalhada sem pressão nem opressão, mas de modo flexível em função do que a criança já sabe e do que precisa saber — um convite à descoberta em múltiplas oportunidades de expressão e comunicação. Para além da sistematização básica da escrita prevista para os primeiros dois anos do Ensino Fundamental, é certo que esse processo de aprendizagem se estende por muitos anos. De certa forma, na medida em que assumimos o desejo de nos comunicar cada vez mais e melhor, na medida em que a escrita favorece a participação social consciente, crítica e criativa, o conhecimento sobre da língua deveria ser uma meta para toda a vida.

 

GRUPO SUMMUS: Quais devem ser os principais desafios dos professores com alunos em 2023?

SILVIA M. GASPARIAN COLELLO: Na tentativa de lidar com os efeitos da pandemia sobre o processo educativo, 2023 deve ser (ainda) um ano de retomada das aprendizagens e da convivência social no universo da escola. Nessa direção, é preciso resgatar a relação das crianças com os professores e os colegas, assim como o vínculo com o conhecimento, tornando a escola um ambiente acolhedor e inclusivo. Além disso, ao considerar as futuras perspectivas, não podemos abrir mão dos desafios de adequar o ensino às demandas do nosso tempo e ao perfil das novas gerações, tais como a apropriação eficiente da tecnologia, o protagonismo dos estudantes, as metodologias ativas e o atendimento às diversidades sociais. Tão importante quanto promover a construção de conhecimentos é investir em uma formação integral do sujeito, incluindo o gosto pela aprendizagem, a postura empreendedora, a capacidade de lidar com problemas, o posicionamento ético e socialmente comprometido. São desafios a ser enfrentados diariamente para que possam subsidiar metas de longo prazo.

 

Saiba mais sobre a autora:

Silvia M. Gasparian Colello é pedagoga com mestrado, doutorado e livre-docência pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Nessa mesma instituição, atua como docente no curso de pós-graduação (mestrado e doutorado). Foi consultora de diretorias de ensino e secretarias de educação. É membro do Núcleo de Pesquisas em Novas Arquiteturas Pedagógicas e do Laboratório de Educação em Valores e Socioemocional (Lab Educare) e vice-diretora do Centro de Estudos Medievais Oriente & Ocidente, onde desenvolve pesquisas nas áreas de Psicologia da Educação, Ensino da Língua Escrita, Letramento e Formação de Professores. É autora de Alfabetização – O quê, por quê e quando (2021), A escola e a produção textual — Práticas interativas e tecnológicas (2017) e A escola que (não) ensina a escrever (2012), coautora de Alfabetização e letramento — Pontos e contrapontos (2011) e organizadora de Textos em contextos — Reflexões sobre o ensino da escrita (2011), todos publicados pela Summus.​ Conheça o site da autora: https://silviacolello.com.br/

 

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Conheça os livros da autora:

Alfabetização

O quê, por quê e como
Silvia M. Gasparian Colello
R$78,80

Admitindo que a alfabetização, além de legítima meta pedagógica, é decisiva para a constituição do ser humano, o tema merece ser considerado por meio de abordagem multifacetada – o mosaico de fundamentação, conceitos, diretrizes, processos de aprendizagem, práticas de ensino e compreensão dos mecanismos de fracasso escolar. Com base nos apelos de nossa sociedade e nos desafios para a reversão dos quadros de analfabetismo, analfabetismo funcional e baixo letramento, esta obra pretende contribuir para os debates educacionais, apontando possíveis articulações entre “o que se ensina quando se ensina a ler e escrever”, “por que se ensina a ler e escrever” e “como se ensina a ler e escrever”. Na dialética entre teoria e prática, o livro assume o propósito de promover a compreensão para que melhor se possa ensinar. Nessa perspectiva, constitui-se como uma coletânea de textos que, mesmo independentes, “dialogam” recursivamente entre si e, ainda, marcam uma posição no atual cenário de incertezas e diversidade de proposições. Ao final, material complementar recheado de vídeos sobre a temática de cada capítulo.

Escola e a produção textual, A

Práticas interativas e tecnológicas
Silvia M. Gasparian Colello
R$84,60

Como as crianças entendem o papel da escola? Como o vínculo que estabelecem com ela afeta a aprendizagem? Por que os alunos têm tanta dificuldade de se alfabetizar? Como compreender o ensino da escrita no mundo tecnológico? Em um momento de tantas inovações, de que forma lidar com os desafios do ensino e renovar as práticas pedagógicas?Na busca de um projeto educativo compatível com as demandas de nosso tempo e o perfil de nossos alunos, Silvia Colello discute aqui como as condições de trabalho na escola podem interferir na produção textual, favorecendo a aprendizagem da língua. Para tanto, lança mão da escrita como resolução de problemas em práticas tecnológicas e interativas. Conhecer as muitas variáveis desse processo é, indiscutivelmente, um importante aval para a construção de uma escola renovada. Afinal, é possível transformar a leitura e a escrita em uma aventura intelectual?

Escola que (não) ensina a escrever, A

Silvia M. Gasparian Colello
R$82,40

A fim de repensar as concepções acerca da língua, do ensino, da aprendizagem e das práticas pedagógicas, este livro levanta diversos questionamentos sobre a alfabetização como é praticada hoje nas escolas. Depois de analisar diversas falhas didáticas e tendências pedagógicas viciadas, a autora oferece alternativas que subsidiem a construção de uma escola que efetivamente ensine a escrever.

Alfabetização e letramento: pontos e contrapontos

Sérgio Antônio da Silva Leite
Silvia M. Gasparian Colello
R$83,60

Neste livro, dois especialistas da Unicamp e da USP ampliam a compreensão do ensino da língua escrita. É possível alfabetizar sem retornar à cultura cartilhesca? Qual o papel da afetividade na alfabetização? Como sistematizar o trabalho pedagógico em sala de aula? Que paradigmas devem ser revistos no caso da aprendizagem escrita? Essas e outras perguntas são respondidas e debatidas nesta obra fundamental ao professor.

Textos em contextos

Reflexões sobre o ensino da língua escrita
Andréa Luize
Érica de Faria Dutra
Gláuci Helena Mora Dias
e mais 7 autores
R$81,90

Com o objetivo de discutir a alfabetização em sua complexidade, esta obra usa o referencial socioconstrutivista para relacionar teoria e prática em diferentes abordagens: as concepções de ensino e de escrita, as trajetórias escolares na alfabetização de crianças e adultos, os processos cognitivos na aprendizagem da escrita, a produção textual na infância e adolescência, os desafios da transposição didática e a formação de professores alfabetizadores.

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