Reportagem publicada originalmente na Revista Raça, em 16/02/2022.

De 25 de fevereiro a 5 de junho, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, terá exposição com 62 pinturas, documentos e fotografias de um dos maiores nomes do movimento negro brasileiro

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O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 25 de fevereiro a 5 de junho de 2022, a mostra Abdias Nascimento: um artista panamefricano, que ocupa os espaços da galeria e do mezanino, no 1 o subsolo do museu. Com curadoria de Amanda Carneiro, curadora assistente, e Tomás Toledo, curador-chefe do MASP, a exposição está inserida no biênio dedicado às Histórias Brasileiras no museu e exibe a faceta artística de Abdias Nascimento (1914-2011), intelectual, ativista político, dramaturgo, ator, escritor e diretor.

A exposição tem patrocínio do escritório Mattos Filho e apoio cultural do IPEAFRO, instituição fundada em 1981 pelo artista e que guarda seu acervo.

Figura fundamental para a história do país, Nascimento desempenhou papéis que marcaram o século 20 em diversos campos, tais como a política, a cultura e a intelectualidade. Suas pinturas associam orixás à abstração geométrica, formas livres a símbolos africanos —como os adinkras —, além de explorarem gêneros mais tradicionais, como paisagens e retratos.

No Brasil, seu trabalho artístico ainda merece maior atenção e esta é, portanto, a razão daexposição Abdias Nascimento: um artista panamefricano e do catálogo que a acompanha.

Reunindo 62 pinturas — desde o início de sua produção em 1968 até o ano de 1998 —, amostra enfatiza o repertório de ideias, cores e formas do movimento pan-africanista, com noções, fontes e imaginário ladino-amefricano — termo cunhado por Lélia Gonzalez (1935-1994), amiga e interlocutora política e intelectual do artista e formuladora do conceito de amefricanidade para se referir à experiência negra na América Latina.

A mostra retoma conceitos formulados por Nascimento, como o quilombismo, para destacar o projeto de transformação social sobre bases que retomam a experiência dosquilombos. O artista materializou seu pensamento também na pintura homônima, presente na exposição e visualmente representada pela união do tridente de Exu aos ferros de Ogum, divindades iorubás que se popularizaram no Brasil com a umbanda e o candomblé.

Em 1968, ano que marca o início de sua produção de pinturas e sua mudança para os Estados Unidos, Nascimento já era um nome laureado no Brasil. Participou da formação da Frente Negra Brasileira, movimento e depois partido político criado na década de 1930, e dafundação do Teatro Experimental do Negro, o TEN, uma das mais radicais experiências de dramaturgia do país, nos anos 1940; realizou o concurso Cristo de cor, que contou com diversos artistas, como Djanira da Motta e Silva (1914-1979), para a representação de um Jesus negro, em 1955; e na mesma década idealizou o Museu de Arte Negra, cujo acervo é referência nos debates sobre museus e comunidades. Já seus trabalhos de artes visuais foram mais celebrados em solo estadunidense, onde realizou exposições nos conceituados Studio Museum em Harlem, Nova York; Museum of Fine Arts, em Syracuse; e Crypt Gallery, da Universidade de Columbia.

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Leia a reportagem na íntegra em https://revistaraca.com.br/masp-tera-mostra-dedicada-a-obra-de-abdias-do-nascimento/

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Para saber mais sobre a história de Abdias Nascimento, conheça sua biografia, de autoria de Sandra Almada, um dos volumes da coleção Retratos do Brasil Negro:

ABDIAS NASCIMENTO
Retratos do Brasil Negro
Autora: Sandra Almada
SELO NEGRO EDIÇÕES

Dramaturgo, ator, acadêmico, político, artista plástico, poeta. Abdias Nascimento pertence à elite dos grandes intelectuais engajados nas lutas libertárias dos negros em âmbito mundial – e também na difusão do pan-africanismo. Esta biografia recupera a vida e a obra de Abdias, resgatando as origens da combatividade desse militante respeitado nacional e internacionalmente, para quem o racismo é “a forma assumida pela opressão que mantém na miséria milhões de africanos e afrodescendentes”.Esta obra faz parte da Coleção Retratos do Brasil Negro, coordenada por Vera Lúcia Benedito, mestre e doutora em Sociologia/Estudos Urbanos pela Michigan State University (EUA) e pesquisadora e consultora da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. O objetivo da Coleção é abordar a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra.

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