A atual edição do “Big Brother Brasil” levantou a questão da violência psicológica e da agressão contra a mulher com o casal Marcos e Emilly. O médico acabou eliminado na atração depois de os dois terem protagonizado diversas brigas – a mais chocante aconteceu na madrugada de domingo (9), quando Marcos encurralou a moça em um canto da sala e colocou o dedo na cara dela enquanto gritava. Outras cenas mostraram Marcos imobilizando Emilly enquanto a moça pedia que ele a soltasse e paresse de machucá-la.

As cenas e o desenrolar do caso seguem movimentando as redes sociais. O Delas conversou com psicólogas para tentar entender o que faz uma pessoa ser tão agrevissa, mostrar como a mulher pode e deve se defender de uma violência psicológica ou física e também comparar a reação de Emilly depois das brigas e da penalização ao então namorado com a de outras mulheres que sofreram com situações parecidas.

Confinamento x agressividade 

De acordo com a psicóloga especialista em desenvolvimento humano Marilena Bigoto, a violência ocorre quando uma pessoa tenta intimidar a outra usando manipulação, chantagem ou até mesmo algum artifício físico. Apesar de não ter muito contato com o programa, a profissional afirma que os atos de Marcos durante a situação descrita demonstraram, sim, agressividade. “Existem perfis de personalidade que definem pessoas mais agressivas. Elas lidam menos com a raiva, ficam mais impulsivas, mais intimidativas, se tornam mais agressivas diante de uma contrariedade ou de um estresse”, explica ela.

A psicóloga frisa que nada justifica as atitudes intimidadoras e agressivas do participante com Emilly, mas afirma que fatores como o confinamento e as brigas frequentes com a participante podem estar fazendo com que o comportamento naturalmente impaciente e agressivo de Marcos aflorem mais. “Uma pessoa em estado de confinamento, sob pressão, vai mostrar o pior dela”, afirma Marilena.

O que fazer em casos como este?

As cenas mostradas no programa – que ocorreram uma semana após o protesto de funcionárias e artistas da Rede Globo acerca do caso envolvendo assédio sexual por parte do ator José Mayer – motivaram manifestações acaloradas nas redes sociais, em que internautas e até artistas cobraram uma postura da emissora com relação ao caso.

No programa de domingo (9), o apresentador Tiago Leifert ressaltou a importância de abordar assunto e afirmou que a produção do “BBB” conversou com o casal, se colocando à disposição de Emilly para o caso de ela se sentir ameaçada. Durante a segunda-feira (11), porém, a polícia foi à casa do reality após a delegada Márcia Noeli, diretora da Delegacia.

Especializada de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá, instaurar um inquérito para investigar suspeitas de agressão. Na noite do mesmo dia, o participante foi expulso do programa.

De acordo com a psicóloga, as atitudes da emissora e da polícia estão corretas. “Se ela sente que não tem voz, que ela não consegue se defender, é certo alguém interferir”, afirma.

Relacionamento abusivo

Segundo a convenção de Belém do Pará e a Lei Maria da Penha, qualquer ato ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual e psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na privada, é considerado violência. Segundo a também psicóloga Miriam Farias, pessoas que passam por relacionamentos abusivos ou situações que envolvem violência física, psicológica, assédio sexual e moral podem sofrer de estresse pós-traumático, que pode ser acompanhado de depressão, pânico e outros transtornos de ansiedade. Por isso, é importante que as mulheres busquem a ajuda de pessoas confiáveis que as apoiem na hora de fazer uma denúncia e, se necessário, recorram à assistência psicológica.

Após a expulsão de Marcos, Emilly entrou em desespero e se sentiu culpada pelo que aconteceu. Vivian e Ieda, as outras finalistas do reality, consolaram a moça e explicaram que o programa apenas impediu que algo pior acontecesse. De acordo com Miriam, essa reação é comum para pessoas que passam por relacionamentos abusivos ou casos que envolvem violência psicológica ou física por parte do parceiro. “A pessoa muitas vezes não se dá conta de que está em uma relação destrutiva. Ela não consegue identificar que é abusiva porque aprendeu a se relacionar assim e desconhece as características de uma relação saudável”, afirma.

Texto de Fernanda Labate, publicado originalmente no Delas – iG em 11/04/2017. Para lê-lo na íntegra, acesse: http://delas.ig.com.br/comportamento/2017-04-11/marcos-emilly-violencia-psicologica.html

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Quer saber mais sobre violência psicológica? Conheça os livros do Grupo Summus que falam sobre o assunto:

 

10661FERIDAS INVISÍVEIS
Abuso não-físico contra mulheres
Autora: Mary Susan Miller
SUMMUS EDITORIAL 

Milhões de mulheres em todo o mundo sofrem uma violência não-física por parte de maridos e companheiros, nem sempre fácil de identificar e neutralizar: Intimidações, manipulação emocional e sexual, humilhações, chantagens financeiras, etc. Este livro expõe a existência do problema, oferece meios de identificá-lo e sugere alternativas para que a mulher possa fugir do pesadelo.
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10719VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA NAS RELAÇÕES CONJUGAIS
Pesquisa e intervenção clínica
Autora: Adelma Pimentel
SUMMUS EDITORIAL

A violência psicológica que permeia a convivência dos casais é o tema deste livro. Essa modalidade de agressão aparece nas relações conjugais com intensa incidência e sem que seja reconhecida pelos cônjuges, sobretudo pela mulher. Visando estudar e combater o fenômeno, Adelma Pimentel caracteriza a violência psicológica e propõe a nutrição psicológica, por meio da Gestalt-terapia, para o enfrentamento da violência que atinge o casal.


20813QUEM GRITA PERDE A RAZÃO
A educação começa em casa e a violência também
Autora: Luiza Ricotta
EDITORA ÁGORA

Associamos a palavra violência aos episódios graves que temos presenciado no país e no mundo. Mas existe outro tipo de violência mais sutil, às vezes mais danosa e perigosa, presente no dia-a-dia de muitas famílias e a autora mostra como identificá-la dentro de casa. Ela aponta soluções para pessoas em busca de caminhos para melhorar a qualidade de vida no lar, favorecendo o desenvolvimento psicológico, emocional e social.

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