Ver o ralo do banheiro e a escova sempre lotados de cabelo causa aflição em você? Calma, isso nem sempre é sinal de que você está ficando careca. É natural perder entre 50 e 100 fios por dia, assim como a diminuição do volume da moldura do rosto conforme envelhecemos.

“Geralmente, o cabelo cresce por mais ou menos seis anos, entra numa fase de repouso e cai três meses depois”, explica a dermatologista Fabiana Brenner, assessora do departamento de cabelos e unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Isso acontece de forma assincrônica, então, há sempre fios em processo de crescimento ou queda.

O problema é quando a perda dos fios se torna intensa e precoce. Em muitos casos, o problema é causado por doenças, medicamentos, hábitos ou situações que exigem muito do organismo. A boa notícia é que existe solução para a maioria dessas situações, desde que um dermatologista seja consultado o quanto antes, para fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento mais adequado. Comprar produtos por conta própria pode sair caro e não resolver o problema, já que as causas tendem a variar bastante.

A seguir, você vê as principais condições associadas à perda de cabelo.

1 – Genética, a maior vilã

Mais ou menos 50% dos homens e até 40% das mulheres acima dos 50 anos sofrem com a chamada alopecia androgenética, ou seja, a calvície determinada geneticamente. O termo “andro” se refere ao hormônio masculino: nessas pessoas, uma enzima converte a testosterona em DHT (dihidrotestosterona), e essa molécula faz o folículo capilar diminuir de tamanho progressivamente.

O processo é mais intenso para os homens, sendo que a região frontal (entradas) e a coroa são os maiores alvos. “Já nas mulheres o padrão é diferente, e o centro do couro cabeludo é mais afetado”, descreve Brenner. Em ambos, o problema pode ter início na adolescência.

Interromper o processo de queda pode envolver diversas frentes: o uso de loções com princípios ativos como o minoxidil e medicamentos de ação hormonal são as principais indicações para a alopecia androgenética. Entre os homens, a droga mais utilizada é a finasterida. No entanto, muitos têm medo de utilizar o medicamento para calvície por acreditar que ele causa impotência. O problema até está descrito na bula, mas especialistas dizem que isso ocorre em menos de 1% dos casos e pode estar associado a alterações hormonais e estresse, não ao remédio. Já para as mulheres, anticoncepcionais, espironolactona e ciproterona são algumas opções; a finasterida só pode ser indicada após a menopausa.

A dermatologista Valéria Marcondes, membro da SBD e da Academia Americana de Dermatologia, conta que tratamentos feitos em consultório, como laser, mesoterapia e aplicação de LED, ajudam a estimular as células do couro cabeludo e trazem resultados positivos para os pacientes. A cada dia surgem novidades na área: “Algo que já está bem estabelecido na Europa e deve vir para o Brasil em breve é o tratamento com plasma rico em plaquetas, retiradas do sangue do próprio paciente e reinjetadas no couro e reinjetadas no couro cabeludo”, conta a médica.

2 – Estresse ou ansiedade

Após situações que envolvem sobrecarga física e/ou emocional, como infecções, cirurgias, gravidez, parto, dietas radicais, luto ou quadros depressivos, muita gente observa tufos de cabelo ficarem no travesseiro ou na escova, o que os médicos chamam de eflúvio telógeno. Em geral, o problema surge cerca de três meses depois do momento de grande tensão e pode se resolver sozinho, assim que o corpo se recupera do baque. Mas também pode ocorrer de forma crônica e gerar um dano maior.

“O estresse faz com que a pessoa não coma direito e, sempre que há um emagrecimento rápido, com perda de proteína, o cabelo é afetado, já que os fios são estruturas proteicas”, comenta Marcondes. Sem contar que o excesso de cortisol (hormônio do estresse) pode favorecer quadros inflamatórios que também prejudicam a saúde dos fios.

Algumas pessoas ainda sofrem de um transtorno conhecido como tricotilomania, que consiste em arrancar o próprio cabelo de forma compulsiva, e isso tende a se agravar com a ansiedade. Técnicas de relaxamento e terapia, em qualquer um desses casos, podem ser úteis também para aparência.

3 – Carências nutricionais

A queda acentuada dos fios pode ser sintoma de uma deficiência nutricional, como a anemia por falta de ferro –mineral envolvido no transporte de oxigênio, que é fundamental para o crescimento do cabelo. Hábitos alimentares inadequados e dietas restritivas demais podem deflagrar o quadro, que também envolve fadiga e deve ser tratado com suplementação. Entre as principais fontes de ferro estão a carne vermelha, a couve, o feijão e castanhas.

Vale mencionar que um cardápio com a proporção adequada de proteínas é garantia de cabelos e unhas fortes. Outros micronutrientes, como a biotina (presente no ovo) e o silício (na aveia), podem melhorar a resistência dos fios a agressões externas. Por isso, costumam fazer parte de fórmulas indicadas pelos dermatologistas.

4 – Doenças inflamatórias

Em algumas pessoas, o organismo passa a encarar uma estrutura do próprio organismo como uma ameaça e gera um processo inflamatório –reação chamada de “autoimune”. Na alopecia areata, os fios caem em uma ou mais áreas arredondadas, formando as chamadas “peladas”. Ao renascer, os fios em geral são brancos, mas a coloração normal volta com o tratamento, que pode envolver medicamentos tópicos, orais ou injetáveis.

O apoio psicológico é importante, já que o estresse pode tanto deflagrar uma crise de alopecia areata como ser consequência dela. Outras doenças autoimunes, como o lúpus, também têm a queda de cabelo entre os sintomas, , e o problema deve ser tratado pelo reumatologista.

5 – Problemas na tireoide

Esta glândula localizada no pescoço produz os hormônios T3 e T4, que regulam todo o metabolismo. Por isso, quando seu funcionamento é prejudicado, corpo prioriza o envio de nutrientes para os órgãos vitais, deixando cabelo, unhas e pele de lado.

Além de provocar a queda dos fios, o problema na tireoide é caracterizado por sintomas como fadiga, depressão, inchaço e inchaço e intolerância ao frio. A perceber esses sinais, a pessoa deve consultar o médico e fazer exames de sangue. Se o hipotireoidismo for confirmado, é preciso fazer a reposição hormonal com um endocrinologista. Na maioria das vezes, essa disfunção é provocada por uma reação autoimune, chamada de tireoidite de Hashimoto.

6 – Dermatite seborreica

Embora seja uma inflamação de pele, caracterizada por descamações (caspa) e vermelhidão, algumas pessoas com esse tipo de dermatite também podem apresentar queda de cabelo. As causas não são totalmente conhecidas, mas parece haver uma propensão genética somada a agentes externos, como estresse, abuso de álcool, alergia ou excesso de oleosidade. O fungo Pityrosporum ovale também pode estar envolvido. Xampus específicos e cremes ou pomadas com medicamentos controlam o problema.

7 – Alopecia cicatricial

Esse grupo de doenças raras envolve a perda permanente dos folículos capilares. A principal delas é a alopecia frontal fibrosante, que, apesar de incomum, tem aumentado de forma alarmante entre mulheres na pós-menopausa. Cerca de 40% delas também sofrem de alopecia androgenética, e 15%, de hipotireoidismo. Uma pesquisa publicada em 2016 no British Journal of Dermatology identificou uma possível associação entre a incidência e o uso mais frequente de cremes faciais ou protetores solares, mas a suspeita ainda está em estudo. O aumento da gordura abdominal é outro possível fator de risco que está na mira dos pesquisadores, segundo Fabiana Brenner.

8 – Hábitos nada saudáveis

A dermatologista Valéria Marcondes lembra que, além das doenças citadas acima, alguns hábitos podem provocar a queda exagerada dos fios –ou acentuar o problema em quem já tem a propensão — como puxar a raiz ao prender o cabelo (tração), aplicar condicionador ou leave-in no couro cabeludo, dormir com o cabelo molhado, exagerar no gel ou cera e usar boné o tempo todo são alguns exemplos. O alisamento com formol, bem como o uso de esteroides anabolizantes, também podem deixar você careca.

 

Matéria de Tatiana Pronin, publicada originalmente no Portal Viva Bem, do UOL em 11/05/2018. Para acessá-la íntegra:
https://vivabem.uol.com.br/noticias/redacao/2018/05/11/genetica-estresse-dieta-doencas-veja-8-razoes-para-a-queda-de-cabelo.htm

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