No dia a dia, depois de verem o filho recusar várias refeições, muitos pais sucumbem à agonia e adotam comportamentos errados com o objetivo de fazer a criança comer. Há quem chantageie, imponha castigos e até troque o prato de comida recusado por uma mamadeira com leite.

Apesar de cheias de boas intenções, essas atitudes não colaboram para que a criança desenvolva uma relação prazerosa com a comida.

A seguir, especialistas apontam as falhas mais cometidas pelos pais:

1)      Fazer ameaças

“Se você não comer, o bicho papão vai pegar você” ou ainda “Se não comer, não pode mexer no tablet”. Ouvindo esse tipo de coisa com frequência, a criança vai associar o momento de se alimentar com algo ruim. Fora que o medo provocado na mesa pode aparecer em outros momentos, como na hora de dormir. “Aí, os pais terão de lidar com um problema maior ainda”, diz a neuropsicóloga Deborah Moss, especializada em desenvolvimento infantil. Também não funciona dizer que sem comer a criança ficará doente. “Ela não entende que um dia, no futuro, pode adoecer por falta de comida. E pior: ela pode perceber que, mesmo comendo, também fica doente”, fala Deborah.

2)      Forçar a comer

Uma forma usual de obrigar a criança a comer é prometer que, uma vez limpando o prato, ela ganhará um presente, um doce ou algumas horas a mais no videogame. Ainda que ela coma, fará isso por obrigação. E esse não é o tipo de relação que ela deve desenvolver com os alimentos. Empurrar a comida goela abaixo do filho é igualmente ruim. “Uma criança acostumada a comer à força vai acabar perdendo o apetite e o prazer de se alimentar. A tendência é que ela se torne ainda mais resistente a experimentar alimentos novos”, diz a nutricionista Renata Alves, especializada em nutrição clínica em pediatria pelo Instituto da Criança da USP (Universidade de São Paulo).

3)      Dar estimulante de apetite

Eles despertam a fome por causa da grande quantidade de vitaminas, minerais e outros componentes presentes na fórmula, de acordo com a nutricionista infantil Camila Machado Rissotto. Porém, também bagunçam os mecanismos de regulação metabólica das crianças, que podem comer mais do que realmente necessitam e ter problemas de obesidade no futuro. Sem contar os efeitos colaterais. “Esses estimulantes podem causar sonolência, distúrbios de humor, perda da capacidade de concentração e, por consequência, prejuízo no desempenho escolar”, afirma Renata.

4)      “Esconder” alimentos nas refeições

Bater uma cenoura no molho de tomate ou uma abobrinha no feijão é válido desde que esses e outros ingredientes também sejam apresentados inteiros para a criança. Um dia, ela vai crescer e não vai querer comer legumes e verduras de outra forma, já que todos serão desconhecidos. “Além disso, é impossível oferecer a quantidade necessária que a criança precisa por dia quando ela não vê o que está comendo. Ela precisa enxergar a cor, sentir o sabor e o cheiro de cada alimento”, diz Renata.

5)      Não dar exemplo

De nada adianta encher o prato da criança de verduras, legumes, fibras e cereais e comer uma pizza requentada do dia anterior. Para criar um hábito alimentar saudável nos filhos é preciso dar exemplo. “Se a família comer, é mais fácil para a criança aceitar”, diz Camila.

6)      Desistir nas primeiras recusas

Ainda que a criança não aceite um alimento, sirva novamente. “Percebemos que é necessário oferecer o mesmo alimento de oito a 12 vezes para a criança realmente perceber se gosta ou não”, diz Camila. Não precisa oferecer no dia seguinte, mas, depois de um mês, pode funcionar. Além disso, varie a forma de preparo: às vezes, o cru não passa, mas o refogado, cozido ou assado pode agradar.

7)      Servir lanchinhos entre as refeições

De acordo com as especialistas, a estratégia mais efetiva é organizar os horários das refeições e servir apenas água entre elas. Dessa forma, a criança senta na mesa com fome e come o que é oferecido. “Se ela não comer, a consequência automática é sentir fome. Só que ela terá de esperar pela próxima refeição para se alimentar. É importante frisar que isso não é um castigo, mas o resultado de uma escolha que ela fez”, declara Deborah.

8)      Não estabelecer um tempo máximo para a refeição

Se a criança não comeu durante o tempo que permaneceu à mesa com a família, um período em que todos os demais puderam se alimentar, é bom que aprenda que só vai ter essa oportunidade de novo no horário da próxima refeição. No caso dos bebês e crianças pequenas, vale retirar o prato após algumas tentativas e voltar a oferecer 30 minutos depois. É o que sugere a neuropsicóloga Deborah Moss. “Só tome cuidado para não fazer pratos enormes e querer que a criança coma tudo, sem se dar conta de que ela já pode ter comido o suficiente, dentro do esperado para a idade”, diz a especialista.

Artigo publicado originalmente no UOL, em 06/07/2016. Para acessá-lo na íntegra: http://estilo.uol.com.br/gravidez-e-filhos/listas/8-erros-que-os-pais-cometem-na-esperanca-de-fazer-o-filho-comer-melhor.htm

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